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Sobre a Escola indígena Manoel Francisco dos santos.

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  O povo kanindé

           O povo Kanindé estar localizado no sitio Fernandes no município de Aratuba distante 6 km da cidade e a 148 km da capital Fortaleza, tendo também outra aldeia em Gameleira no município de Canindé. A população e de 185 famílias em Aratuba e 13 em Gameleira Canindé no pé da serra do pindá, somando um  total de 713 índios entre crianças jovens adultos e anciões.  A sobrevivência se da através da agricultura de sub existência e das caças, plantam milho, feijão, fava, arroz, mamona, etc. As caças são de vários tipos desde animais a aves como, mocó, prear, jacu, peba, jirita, tatu, juritir, tejo, etc.

      A luta dos índios kaninde por seus direitos teve inicio no ano de 1995 com a conquista da chamada terra da gia, local utilizado para o plantio de legumes pelos índios kaninde é uma área de 300 hectares de terra que iria ser incluído na desapropriação para o INCRA pela fazenda alegre, foi um período de muitos conflitos, pois os agricultores da fazenda alegre reivindicavam essa área afirmando que os índios não usavam essa área para habitação.


     Segundo as pessoas mais velhas da comunidade, antes de 1995 ainda não tinham se declarados índios por medo de represarias e preconceitos, pois seus pais haviam repassado para eles quando crianças que os “brancos” matavam os índios, assim permaneceram no anonimato ate esta data quando receberão apoio da AMITE associação missão Tremembé                                    

Obejetivos

       Construir uma escola indígena que permita a reflexão do conhecimento e sua construção, determinando um espaço de coletividade entre seus atores: lideranças, pais, alunos, funcionários e amigos da escola, que permita os “seus” o conhecimento pela interação e o aprendiz em um embate constante e contínuo. Esse processo se dá pela relação dos indivíduos no contexto social em que vive "a partir das constantes interações com o meio social em que vive" (REGO, 1995).
     Para construir uma escola indígena que atenda todos “os sonhos” se faz necessário a construção de uma escola multi, em que cada ação é inteiramente planejada e a soma dos seus valores reflete em uma escola diferente, mas este diferente sempre na busca da excelência.

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Nossa história

Histórico da educação Kanindé

           Em 1999, o início da educação escolar diferenciada em nossas aldeias foi fruto de muita luta,

foi uma grande conquista das lideranças tradicionais de nosso povo. A Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e médio Manoel Francisco dos Santos, surgiu da necessidade do povo Kanindé de Aratuba, que visava reforçar o movimento organizacional do povo e a luta pela terra.

        Em 1999, surgi uma proposta dos índios Kanindé de reivindicarem pelos direitos a uma educação especifica e diferenciada para suprir as necessidades do povo Kanindé  de Aratuba. Com a abertura de duas salas de aula para jovens e adultos os primeiros professores foram Suzenilton e Terezinha Barroso, a escola funcionava nas casas de famílias a noite num total de 40 alunos 20 em cada sala, logo depois com o desenvolvimento da comunidade surgiu mais uma sala de EJA educação de jovens e adultos, que iniciou com o professor Elenilso por um período e depois assumiu o professor Suzenalson.

Começaram os primeiros passos da escola que tinha como principal papel:

  •  Preservar a cultura do povo;

  •  Educar e fazer com que todos conheçam a história da comunidade indígena e      suas origens.

  • Formar novas lideranças indígenas para dar sustentabilidade à luta do povo.

  • Garantir uma educação de qualidade para o povo Kanindé

        No ano de 2002 surgiu a necessidade de se trabalhar com as crianças da comunidade, visando repassar os conhecimentos e a historia do povo para os mais jovens e fortificar o movimento e a luta do povo kaninde. As dificuldades eram grandes, a comunidade não contava com um espaço adequado, foi preciso dividir os alunos em casa de famílias que tinha um espaço maior para recebê-los, surgindo assim duas salas de aulas que funcionavam no colégio municipal no chamado grupo velho cedido pela prefeitura com o passar do tempo e com a desativação de duas salas onde funcionava a sede de uma associação, em um local mais centralizado para o acesso dos alunos, eram duas salas pequenas e apertadas mais eram da comunidade, mesmo apertado mais um espaço nosso.
 

         Depois de muita luta não só da comunidade, mais do movimento indígena em geral e com o aumento dos alunos das escolas indígenas, iniciou se aluta por prédios escolares para as comunidades indígenas. As lideranças Cicero Pereira e cacique Sotero foram pessoas importantes na luta pela educação escolar indígena kaninde, também como os professore Suzenilto e Terrezinha Barroso, ela já falecida, que foram os fundadores da     escola sendo as duas pessoas que abriram as duas primeiras salas de aula e trabalharam voluntariamente quase dois anos sem receber salario.                                                

Neste período tivemos muitas conquistas dentre estas destacamos, o Curso de formação para professores indígenas através do magistério indígena, criação da resolução 382/2003 que dispõe sobre a criação e o funcionamento de escola indígena no Sistema de Ensino do Ceará e a construção da escola indígena Manoel Francisco dos Santos que foi fonte de vários conflitos e agressões a índios Kanindés que lutavam em busca de melhoria para seu povo.

                                              

         No inicio a escola recebeu o nome de escola de ensino diferenciado de Fernandes de cima e Fernandes de baixo, devido a distancia entre as salas de aula. No ano de 2005 a dona Maria do Carmo, fez a doação de um espaço para a construção da escola indígena, como a terra era de seu irmão Manoel Francisco dos santos, já falecido na época  então  a comunidade decidiu   homenageá-lo registrando a  escola com seu nome.

        A história em baixo das árvores é um dos nossos costumes, nossa cultura é preservada. O toré nosso ritual sagrado que nos ajuda a lutar com garra. A tradição de chupar manga, chupar côco catolé, chupar maracujá de vaqueiro, armar quixó, armar arapuca buscar lenha nos matos, rezar terços nas casas, fazer artesanatos, visitar pessoas doentes, e ajudar os próprios vizinhos. Além das diversões de jogos de bola; pesquisamos na aldeia e visitando o museu indígena comunitário assim conhecemos o que de bom ainda temos a aprender.                          

      O museu comunitário da comunidade Indígena Kanindé de Aratuba  serve como uma biblioteca, onde nossos alunos fazem pesquisas e ficam conhecendo a história do povo e sua origem. No museu temos caças que ainda existe na nossa comunidade, peças de artesanato que são feitas por um grupo de índios kanindé, que trabalham com madeira, fotos e jornais e documentos importantes.

 

    O Museu Indígena dos Kanindé foi nossa primeira organização educacional e cultural, aberto ao povo da Aldeia Fernandes em 1996 e fundado pelo cacique Sotero, que reuniu um grande acervo que vai desde animais a documentos e peças artesanais.  Depois, vieram a Associação Indígena Kanindé de Aratuba (AIKA) e o movimento por uma educação escolar diferenciada, que se iniciou em 1999, Apenas em 2005 tivemos a nossa escola indígena construída uma das escolas de um projeto pré-estabelecido pelo banco mundial ( jornal diário do nordeste 8 de junho de 2003) a escola  kaninde era pra ser de um modelo padrão em forma de circulo como as demais construídas por este mesmo projeto porem o espaço não era suficiente para a construção e a escola teve que ser de outro modelo, sendo assim feitos dois andares sendo. Com o acirramento da nossa luta principalmente pela terra surgiu a AIKA, em 1998. Ao longo dos anos e organizados viemos desenvolvendo vários projetos voltados para o fortalecimento da cultura, da educação e da história do nosso povo, em parceria com os trabalhos desenvolvidos na escola indígena e no Museu dos Kanindé.

                     

        No ano de 2011 a escola passou por uma reforma, primeiramente a coordenação se reuniu com os professores e a comunidade para analisarem o que seria necessário para melhora a escola e atender melhor os alunos, tendo em vista que o espaço era pouco e as salas eram amplas, uma das propostas foi dividir as salas que eram padrão em duas salas menores pois em algumas a divisória era feita por cortinas, além disso foi feita a reforma dos banheiros. Logo após foi feito uma nova reforma no piso onde foi colocada cerâmica nas salas, construção de um refeitório para os alunos e pintura da escola. 

         Hoje a escola estar com um total de 163 alunos matriculados da pré-escola a segunda serie do ensino médio tendo também duas turmas de EJA que funcionam à noite. A escola conta com 18 professores um diretor e um secretario um porteiro uma merendeira e mais seis funcionários cedidos pelo município. Entre os 18 professores 2 não são indígenas pois ainda não temos na comunidade pessoas capacitadas para lecionarem todas as disciplinas. Alguns professores da escola já possuem formação a nível superior e os demais estão cursando pela UFC, além disso, alguns também têm formação no magistério indígena.

 

           A escola possui uma organização própria como determina a constituição federal no seu artigo 231 que garante aos índios sua organização social, para isso a escola tem algumas organizações da educação indígena Kaninde, como a AIKA que e responsável pela organização e apoia a escola e os professores tendo como presidente Cicero Pereira dos santos, outra organização e a associação de Paes e mestres que organiza e fiscaliza os recursos do PDDE tendo com presidente Jose Clovis. Além dessas duas organizações existe também a comissão de assuntos escolares, formada por lideranças da comunidade que organizam o grupo docente da escola professores e coordenação. Todos os problemas relacionados à educação são repassados para essa comissão que discute e busca soluções para os problemas.

          O processo de seleção dos professores se dar através de alguns critérios feitos pela própria comunidade escolar para ser professor indígena o primeiro critério e ser índio, a não ser que na comunidade não tenha pessoas que possam assumir este posto como e no caso do ensino médio, quando não se tem pessoas formadas em algumas áreas de conhecimento. O segundo e ser envolvido nos assuntos da comunidade participando de reuniões e de trabalhos comunitários desenvolvidos para o bem comum e para melhoria da comunidade indígena, essa pessoa também deve ter um bom relacionamento com a comunidade em geral, além disso mostra interesse e capacidade para lecionar, dispor de tempo para se envolver nas questões de interesse da comunidade em geral. como demonstrar seus conhecimentos nas diversas áreas de conhecimento, deve também estar disposto a continuar sua formação como professor e liderança da comunidade para continuar a luta pela demarcação de nossa terra, um ponto fundamental para todas as comunidades indígenas não só do ceara mais do Brasil

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